Revista de Economia e Sociologia Rural
http://www.resr.periodikos.com.br/article/doi/10.1590/1806-9479.2020.176516
Revista de Economia e Sociologia Rural
ARTIGO ORIGINAL

A cidade vista pelos habitantes do campo de Araponga/MG: uma análise das representações sociais por meio do software Alceste

The city seen by the inhabitants of the countryside of Araponga/MG: na analysis of social representations through Alceste software

Nayhara Freitas Martins Gomes; Ana Louise Carvalho Fiúza; Neide Maria Almeida Pinto

Downloads: 1
Views: 778

Resumo

A relação entre campo e cidade vem se modificando de forma acentuada, especialmente, a partir das últimas duas décadas do século XX. O presente artigo fez uma análise da forma como a população rural de um pequeno município de economia cafeeira, localizado na Zona da Mata mineira, manifesta, por meio das suas representações de “campo” e “cidade”, a percepção de aproximações e diferenças quanto ao modo de vida rural e urbano na atualidade. O estudo teve um caráter cross-sectional, tendo sido realizado por intermédio de um questionário semiestruturado, com uma amostra representativa da população composta de 94 rurais. Na aplicação do questionário, utilizou-se da técnica de mesclagem de perguntas, que estimulavam respostas rápidas e espontâneas, com outras de cunho mais reflexivo. Com base nas respostas obtidas, o corpus para análise quantitativa de dados textuais foi preparado no software Alceste. Os resultados referentes às representações espontâneas e reflexivas manifestadas pelos rurais acerca da “cidade” e do “campo” revelaram uma visão social de mundo marcada pela perspectiva do pertencimento à dinâmica citadina, combinada com as marcas de ruralidade constitutivas de sua identidade.

Palavras-chave

representação social, rurais, relação campo/cidade, Alceste

Abstract

Abstract:: The relationship between the countryside and the city has been changing markedly, especially since the last two decades of the 20th century. The present article aimed to analyze how the rural population of a small coffee - growing municipality located in the Zona da Mata, Minas Gerais, manifested through its representations of “countryside” and “city” the approximations and differences about the way of life in both spaces. This study had a cross-sectional character and was carried out through the application of a semi-structured questionnaire, with a representative sample of the population, composed by 94 rural households. In the application of the questionnaire, it was used the technique of mixing questions that stimulated quick and spontaneous responses, with others of a more reflective nature. Based on the answers obtained, the corpus was prepared for the quantitative analysis of textual data, in Alceste software. The results concerning the spontaneous and reflexive representations that the rural ones expressed about the “city” and the “countryside” revealed a social vision of the world marked by the perspective of belonging to the city dynamics, combined with the rurality marks constituting his identity.
 

Keywords

social representation, rurals, countryside, city, Alceste

Referências

Adrião, D. (2006). Pescadores de sonhos: um olhar sobre as mudanças nas relações de trabalho e na organização social entre as famílias dos pescadores diante do veraneio e do turismo balnear em Salinópolis, Pará. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas, 1(2), 11-21. Recuperado em 23 de outubro de 2016, de http://www.scielo.br/pdf/bgoeldi/v1n2/v1n2a02.pdf

Alba, M. (2004). El método ALCESTE y su aplicación al estúdio de las representaciones Sociales del espacio Urbano: El caso de la Ciudad de México. Papers on Social Representations, 13(1), 1-20.

Araújo, L. F., Coutinho, M. P. L., & Santos, M. F. S. (2006). O idoso nas instituições gerontológicas: um estudo na perspectiva das representações sociais. Psicologia e Sociedade, 18(2), 89-98.

Bolfarine, H., & Bussab, W. O. (2005). Elementos de amostragem. São Paulo: Edgar Blucher.

Bonomo, M., Souza, L., Melotti, G., & Palmonari, A. (2013). Princípios organizadores das representações de rural e cidade. Revista Sociedade e Estado, 28(1), 91-118.

Braga, G. B., Fiúza, A. L. C., & Pinto, N. M. A. (2014). Os padrões de consumo no campo e na cidade: a aproximação entre os modos de vidas de citadinos e rurais. Estudios Rurales, 1, 64-80. Recuperado em 7 de janeiro de 2015, de https://dialnet.unirioja.es/descarga/articulo/4805352.pdf

Braga, G. B., Fiúza, A. L. C., & Remoaldo, P. C. (2015). Por uma caracterização do território através do modo de vida rural e/ou urbano. Por Extenso: Boletim de Pesquisa do Programa de Pós-Graduação em Extensão Rural, 7, 136-153.

Brandão, V. A. B., Riveira, I. S., Maseda, R. C., & Ferreira Neto, J. (2014). Análise social dos fatores que influenciam o desenvolvimento e o planejamento de assentamentos rurais: os casos dos Municípios de Cervantes e Guitiriz na Galícia. DADOS - Revista de Ciencias Sociales, 57(3), 711-744. Recuperado em 6 de janeiro de 2017, de http://www.scielo.br/pdf/dados/v57n3/0011-5258-dados-57-03-0711.pdf

Burke, P. (2003). Hibridismo cultural. São Leopoldo, Ed. da Unisinos.

Candau, J. (2011). Memória e identidade. São Paulo: Editora Contexto.

Candido, A. (1997). Os parceiros do Rio Bonito: estudo sobre o caipira paulista e a transformação dos seus modos de vida (8ª ed.). São Paulo: Ed 34.

Carneiro, M. J. (2012). “Rural” como categoria de pensamento e categoria analítica. In M. J. Carneiro (Org.), Ruralidades contemporâneas: modos de viver e pensar o rural na sociedade brasileira (pp. 23-50). Rio de Janeiro: Mauad X, FAPERJ.

Cortês, J. C., & D’Antona, A. O. (2016). Fronteira agrícola na Amazônia contemporânea: repensando o paradigma a partir da mobilidade da população de Santarém-PA. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas, 11(2), 415-430. Recuperado em 5 de fevereiro de 2017, de http://www.scielo.br/pdf/bgoeldi/v11n2/1981-8122-bgoeldi-11-2-0415.pdf

Delgado, N., & Leite, S. (2011). Políticas de desenvolvimento territorial no meio rural brasileiro: novas institucionalidades e protagonismo dos atores. DADOS - Revista de Ciencias Sociales, 54(1), 431-473. Recuperado em 14 de dezembro de 2016, de http://www.scielo.br/pdf/dados/v54n2/v54n2a07.pdf

Domingues, J. M. (1999). Sociologia da cultura, memória e criatividade social. DADOS - Revista de Ciencias Sociales, 42(2), 303-339. Recuperado em 19 de abril de 2015, de http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0011-52581999000200004

Gomes, N. M. F., Fiúza, A. L. C., Pinto, N. M. A., & Remoaldo, P. C. C. (2015). A mobilidade socioespacial dos rurais e suas expressões citadinas: uma análise do município de araponga, MG. Por Extenso: Boletim de Pesquisa do Programa de Pós-Graduação em Extensão Rural, 7, 118-126.

Hespanhol, R. A. M. (2013). Campo e cidade, rural e urbano no Brasil contemporâneo. Mercator (Fortaleza), 12(2), 103-112.

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE (2010). Censo demográfico de 2010.www.ibge.gov.br

Jodelet, D. (2001). As representações sociais (Tradução, Lilian Ulup). Rio de Janeiro: EdUERJ.

Kageyama, A. (2008). Desenvolvimento rural: conceitos e aplicações ao caso brasileiro. Porto Alegre, Editora da UFRGS.

Kronberger, N., & Wagner, W. (2002). Palavras-chave em contexto: análise estatística de textos. In M. W. Bauer & G. Gaskell (Orgs.), Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som (pp. 416-441). Petrópolis: Vozes.

Miranda, E. L., Fiuza, A. L. C., & Doula, S. M. (2016). O olhar dos agricultores familiares do município de Araponga-MG sobre sua organização social e produtiva: uma discussão pautada nas representações sociais. Extensão Rural, 23(4), 7-23. Recuperado em 24 de agosto de 2017, de https://periodicos.ufsm.br/extensaorural/article/view/21260/pdf

Moscovici, S. (2010). Representações sociais: investigações em psicologia social (7ª ed.). Petrópolis: Editora Vozes.

Ortega, A. C., & Jesus, C. M. (2011). Território café do cerrado: transformações na estrutura produtiva e seus impactos sobre o pessoal ocupado. Revista de Economia e Sociologia Rural, 49(3), 771-800. Recuperado em 14 de janeiro de 2013, de http://www.scielo.br/pdf/resr/v49n3/a10v49n3.pdf

Pereira, J. L. G. (2004). Entre campo e cidade: amizade e ruralidade segundo jovens de Nova Friburgo. Estudos Sociedade e Agricultura, 12(2), 322-352. Recuperado em 19 de junho de 2013, de http://r1.ufrrj.br/esa/V2/ojs/index.php/esa/article/viewFile/253/249

Pereira, V. C., & Almeida, J. (2015). Relações entre a atividade carbonífera e o rural em Candiota, RS, Brasil: análises sobre representações sociais em um contexto de dilemas sobre a energia. Revista de Economia e Sociologia Rural, 53(1), 127-142. Recuperado em 27 de setembro de 2015, de http://www.scielo.br/pdf/resr/v53n1/0103-2003-resr-53-01-00127.pdf

Rambaud, P. (1973). Société Rurale et Urbanisation (2ª ed.). Paris: Ed. du Seuil.

Reinert, M. (1986). Un logiciel d’analyse lexicale: ALCESTE. Les Cahiers de l’Analyse des Donnees, 4, 471-484.

Reinert, M. (1993). Lex mondes lexicaus et leur logique à travers l’ analyse statistique d’un corpus d’un récits de cauchemars. Langage & Société, 66, 5-39.

Rye, J. F. (2006). Rural youth’s images of the rural. Journal of Rural Studies, 22(4), 409-421. Recuperado em 13 de maio de 2013, de http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0743016706000040

Sartre, X. A., Marin, J. O. B., Assis, W. S., Lopes, R. S., & Veiga, I. (2016). Mobilidades geográfico-profissionais de duas gerações de agricultores familiares assentados na Amazônia oriental. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas, 11(1), 17-32. Recuperado em 3 de janeiro de 2017, de http://www.scielo.br/pdf/bgoeldi/v11n1/1981-8122-bgoeldi-11-1-0017.pdf

Sêga, R. A. (2000). O conceito de representação social nas obras de Denise Jodelet e Serge Moscovici. Anos 90: Revista do Programa de Pós-graduação em História da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 8(13), 128-133.

Silva, J. G. (1996). O novo rural brasileiro. Campinas: Editora da UNICAMP.

Silveira, L. N., & Fiúza, A. L. C. (2014). Roça e os múltiplos sentidos para o rural no Brasil. Antropolítica: Revista Contemporânea de Antropologia, 2, 261-285.

Silveira, L. N., Coutinho, E., & Fiúza, A. L. C. (2013). A atualidade da obra sociedade rural e urbanização, de Placide Rambaud, para a compreensão das transformações do campo no brasil. Estudos Sociedade e Agricultura, 21, 160-179. Recuperado em 16 de agosto de 2014, de http://r1.ufrrj.br/esa/V2/ojs/index.php/esa/article/view/363/359

Silveira, L. N., Fiúza, A. L. C., Silva, D. M., & Maffra, R. (2015). Roça, uma marca registrada: o processo de valorização do rural na sociedade brasileira. Por Extenso: Boletim de Pesquisa do Programa de Pós-Graduação em Extensão Rural, 7, 154-162.

Veiga, J. E. (2004). A dimensão rural do Brasil. Estudos Sociedade e Agricultura, 12(1), 71-94. Recuperado em 27 de outubro de 2010, de http://r1.ufrrj.br/esa/V2/ojs/index.php/esa/article/view/246/242

Wanderley, M. N. B. (2009). O mundo rural como um espaço de vida: reflexões sobre a propriedade da terra, agricultura familiar e ruralidade. Porto Alegre: UFRGS.

Williams, R. (2011). O campo e a cidade na história e na literatura [1973] (Tradução de Paulo Henriques Britto). São Paulo: Companhia das Letras.
 


Submetido em:
02/03/2017

Aceito em:
06/10/2019

5ee0c9820e882590763195f7 resr Articles

resr

Share this page
Page Sections